terça-feira, 11 de julho de 2006

Lido na imprensa

Talvez Medeiros Ferreira projecte demasiado em Freitas do Amaral a sua própria visão, de experiência feita, do conteúdo actual do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros, mas retrata muito bem o perfil político do homem que diz o que pensa, seja sobre a inimputabilidade de George Bush ou a intocabilidade da Virgem Maria. Umas vezes concorda-se, outras discorda-se, mas, como se lê aqui, Freitas é um homem de escolhas, das poucas personalidades políticas que dá mais importância à capacidade de opção do que à aparência de uma coerência linear, tantas vezes paupérrima em termos culturais e vivenciais mas segurizante para todos, e até para o próprio.

Não me agradou a manobra táctica que levou ao convite a Freitas para MNE e na crise das caricaturas gostaria que Portugal tivesse tido uma atitude bastante diferente. Mas Freitas, reconheça-se e elogie-se, não foi diferente de si próprio. Se alguém dele esperava o contrário, enganou-se, mas o erro era seu.
Tal como Medeiros Ferreira, também eu gostaria que houvesse mais políticos assim, desapegados à rotina da sobrevivência e à disciplina da obediência, que se cansem e cansem, se irritem e irritem, escolham e tirem conclusões.