segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Profundamente triste

«Estou profundamente triste», assim reagiu Margaret Thatcher à morte do ditador chileno, Augusto Pinochet. Thatcher é hoje citada pelo jornal Público, que a apresenta, muito justamente, como «a maior aliada de Pinochet no Reino Unido». A reacção de Thatcher foi coerente. O governo de Tony Blair é que, depois de se assumir como herdeiro do melhor que teve o thatcherismo, ontem, na reacção à mesma notícia, revelou-se também como herdeiro do pior do thatcherismo. A reacção da ministra dos Negócios Estrangeiros, Margaret Beckett, passa uma esponja sobre as atrocidades cometidas no Chile, entre 1973 e 1990, associando a figura de Pinochet apenas à transição para a democracia e ao crescimento económico dos últimos 15 anos («Damos conta da morte do general Pinochet e queremos prestar tributo ao destacado progresso que o Chile alcançou nos últimos 15 anos como uma democracia aberta, estável e próspera», lê-se hoje no Público). É certo que já não está na moda seguir esta Casa Branca. Mas, desta vez, a diplomacia britânica podia ter feito como era costume e seguir a opinião de Bush: «A ditadura de Augusto Pinochet no Chile foi um dos períodos mais difíceis da história daquele país. Os nossos pensamentos vão hoje para as suas vítimas.» (Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca, citado também pelo Jornal Público).