terça-feira, 12 de julho de 2005

Livros [5]


Evidentemente, por António Nóvoa
Porto, Asa , 2005, 127 pp. + CD-ROM

António Nóvoa desmonta os discursos sobre as evidências educativas através das gerações, parando em 1974, embora pudesse, como o próprio reconhece, ter prosseguido. São 50 textos, 50 imagens e um CD-ROM que permitem leituras de diversos níveis, sempre sobre o mesmo tema: o que é familiar revela-se desconhecido, o que é evidente revela-se opaco e muitas vezes falso.
Ao longo do livro são revisitadas diversas dessas estranhas familiaridades: o atraso educacional, os exames, a ignorância dos alunos, a função educadora das mulheres, a coeducação, a superstição do diploma, entre outras.
Citação «É difícil situar com rigor o período em que se generaliza a ideia de que os alunos são cada vez mais ignorantes (...). No decurso do século [XX], uma certa vulgata psicológica (sobre o nível mental dos alunos, as suas características psíquicas e comportamentais, etc.) vai-se misturando com conceitos sociológicos transformados em lugares-comuns (sobre as origens sociais dos alunos, a reprodução das desigualdades, etc.) produzindo a mais inútil literatura sobre temas educativos.
São ideias persuasivas e persistentes, que servem apenas para “desculpabilizar” ou “denunciar”. Neste caso, “optimistas” e “pessimistas” situam-se exactamente no mesmo plano: uns e outros recusam-se a um esforço de análise e de compreensão. Candidamente, revelam a sua ignorância (dos factos, das estruturas, das escolas) para demonstrarem a ignorância dos alunos.» (Nóvoa, 2005: 57)