A polícia, a morte do electricista brasileiro e o terrorismo
Por erro — assumido e confessado ao mais alto nível da polícia londrina e do governo britânico — um polícia matou com múltiplos tiros um electricista brasileiro que desobedeceu à ordem de parar e que este confundiu com um possível bombista suicida.
Está, pois, na hora de todos os que se batem contra a pena de morte e, por maioria de razão, contra os assassinatos extra-judiciais e as actividades congéneres de serviços secretos dizerem, com toda a clareza, que não “vale tudo”.
Mesmo que se perceba — e eu creio que consigo imaginar! — que a tensão a que estava sujeito aquele polícia há-de ser pior do que “a angústia do guarda-redes antes do penalty” isso não justifica, não pode justificar, o que é inaceitável.
Mas essa condenação também não torna legítima a dúvida, levantada hoje, sobre se "a democracia liberal está a aprender com os terroristas?"
É que um erro — sem ambiguidades: dramático e condenável! — dum polícia que defende a segurança de cidadãos pacíficos não é comparável ao acto de um bombista que carrega sobre si próprio explosivos para os fazer explodir em transportes públicos urbanos cheios de cidadãos civis e inocentes.
Como, menos ainda, são comparáveis os regimes políticos que servem um e outro.
E, também nisso, convém que as águas se mantenham separadas.