domingo, 2 de outubro de 2005

Moralismo suicida

Já o disse a propósito de um cartaz da CDU: a tentação para, em campanha eleitoral, reivindicar superioridade moral sobre os adversários é suicida. Eleger termos como “confiança”, “seriedade” ou “honestidade” para se distinguir dos adversários eleitorais, equivale a acusar os outros candidatos de “falsidade”, “mentira” ou “desonestidade”. E quando, por esta via, todos chamam, por exemplo, mentiroso aos outros, o resultado é os eleitores classificarem TODOS os “políticos” como mentirosos. Esta actuação irresponsável dos partidos é pois uma das causas da desqualificação da política e dos seus agentes. Desqualificação que, a prazo não muito longo, representará o suicídio da democracia e o triunfo do justicialismo populista.
Hoje escolhi dois cartazes do PSD nas eleições para a Câmara Municipal de Oeiras. No primeiro, arrepiante, pergunta-se “Que valores quer para Oeiras?”. No segundo, a (primeira?) resposta: “Verdade”. Percebe-se o alvo. Mas o tiro não podia ser pior: os danos colaterais serão, sempre, superiores aos resultados de curto prazo.
Todos os partidos, sem excepção, recorreram já nestas autárquicas a mensagens com um fundo moralista mais ou menos explícito. Mas nestes cartazes, bem como no da CDU já referido, foi-se demasiado longe!