Duas citações, um comentário e uma referência bibliográfica
Citação 1
Manuel Alegre [na declaração de encerramento do debate na TVI com Mário Soares, 15/12/2005]: “A vida política portuguesa precisa da participação activa das mulheres, do sentido de compaixão, do sentido do concreto que elas têm.”
Citação 2
N. Abercrombie, Stephen Hill e Bryan S. Turner [The Penguin Dictionary of Sociology, Londres, Penguin Books, p. 346]: “estereótipos Um estereótipo é uma visão unilateral, exagerada e normalmente pejorativa sobre um grupo, tribo ou classe de pessoas, sendo habitualmente associada a RACISMO e a SEXISMO.”
Comentário
Os estereótipos de género, tipificando masculino e feminino, não são simétricos. Construídos como oposições binárias, definem áreas de desigual especialização das tarefas masculinas e femininas ou de desigual aptidão de homens e mulheres. No primeiro caso, oposições como a constituída pelo par razão/compaixão são usadas para legitimar a especialização feminina no tratamento dos filhos e, portanto, para empurrar as mulheres para casa; no segundo, fundam-se os preconceitos sobre desiguais competências cognitivas em oposições como a que se concretiza no par abstracto/concreto para, por exemplo, “explicar porque têm as mulheres menos jeito para a matemática”.
Em resumo, os estereótipos de género comuns sustentam o sexismo mais banal.
Referência bibliográfica
Lígia Amâncio (1994), Masculino Feminino. A Construção Social da Diferença, Porto, Afrontamento, 204 pp.