quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

O problema da governação da EDP

Jorge Sampaio demonstrou que ainda é Presidente ao tomar a iniciativa no assunto do modelo de governação da EDP. O Primeiro-Ministro “pediu” a Manuel Pinho que prestasse esclarecimentos ao PR e não vejo por onde possa haver razões para não esclarecer o Parlamento, dadas as suas competências, de questões de governação de empresas que careçam de esclarecimento ao Presidente.

Há na polémica questões diferentes. Em primeiro lugar, a difícil questão do controlo sobre os sectores estratégicos, como sublinharam, bem, os dois candidatos que ainda tentam ganhar as presidenciais, Soares e Cavaco. Há também o sentimento anti-espanhol latente que dá jeito na caça eleitoral, em que caiu Francisco Louçã. E ainda a frase enigmática de Alegre, segundo o qual “deve haver uma distinção muito clara entre negócio e política” (ver no Diário Económico de ontem).

O problema é a IBERDROLA ser uma concorrente estrangeira da EDP, ser espanhola ou a empresa ser presidida em Portugal por Pina Moura? Acho que acautelar que uma concorrente forte da EDP seja mantida fora do acesso a informação estratégica é do mais elementar bom-senso, mas não por causa do país de origem ou da pessoa do seu presidente actual. Quem confunde as coisas não ajuda a EDP, a economia nem a democracia, por muito que não goste dos vizinhos que tem ou de uma qualquer pessoa em concreto.

Já agora, convém recordar, nem os capitais portugueses estão proibidos de investir mais na EDP nem há controles empresariais gratuitos.