Portugal nórdico?
Como prometido, um indicador em que Portugal aparece mais bem colocado do que a Espanha: a taxa de actividade feminina (ver gráfico, abaixo). Descontados os efeitos do trabalho a tempo parcial, cujo peso varia muito de país para país, Portugal apresenta uma taxa de actividade feminina (59%) superior à média da UE (47%) e, sobretudo, muito superior à de Espanha (44%). Apenas nos países nórdicos (Dinamarca, Suécia e Finlândia) tem aquela taxa valores superiores aos observados para Portugal, aí ultrapassando os 60%.
Taxas de actividade femininas nórdicas sem o Estado-Providência nórdico não só dificultam a vida familiar como, até por isso, resultam em taxas de fecundidade das mais baixas da Europa de hoje. Claro que há duas soluções para o problema: ou o regresso das mulheres a casa (pois, pois), ou o desenvolvimento do Estado-Providência português. A primeira solução, para além de indesejada pela maioria das mulheres (veja-se o que estas escolhem quando, como nos países nórdicos, podem escolher), esbarra ainda com a impossibilidade material de reduzir os rendimentos da maioria das famílias ao obtido com um único salário. A segunda, enfrenta a oposição dos neoliberais que pretendem, a todo o custo, reduzir o papel social do Estado.
Grande liberalismo aquele que, no que às condições de exercício efectivo da liberdade individual, nega à maioria das mulheres a possibilidade de escolha.
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Taxa de actividade feminina na UE25, 2004
(em equivalente a tempo inteiro)
Fonte: European Commission, Employment in Europe 2005