Não se percebe
Terminada a série Leis da Blogosfera, Pacheco Pereira devia agora iniciar a série Leis da Política Portuguesa. A primeira podia ser: líder de partido da oposição à direita do PCP que inicie o mandato no início da legislatura não chega às eleições. Esta lei, inicialmente apenas aplicável aos dois maiores partidos, atingiu esta semana o próprio CDS. Pires de Lima, na linha de Marcelo e Ferreira Leite, acha que este não é o seu «tempo». O seu tempo talvez chegue em 2008, mais em cima das eleições. Revoltado com este estado de coisas, Rui Ramos indigna-se, hoje no Diário Económico: «quando vemos as elites do PSD e do CDS proclamar que é muito cedo, uma coisa se torna claro: não há ali líderes, mas apenas seguidores; não há ali ideias, mas apenas truques.» Racionalmente, até se percebe que haja este calculismo entre os barões do PSD: há que ver como param as coisas (crescimento, défice, emprego) lá mais para a frente. O que não se percebe é que um partido dito de «causas», como o CDS, também seja afectado por este tipo de lógicas. Se é verdade que a democracia cristã de Ribeiro e Castro não vai a lado nenhum, não é nada certo que a direita radical de Pires de Lima não possa ser «sexy» na oposição a um governo PS, como já aconteceu com Portas no passado. Especialmente num momento em que o PSD vai estar condicionado pela cooperação estratégica de Cavaco.