quarta-feira, 24 de maio de 2006

Guerras perdidas

Historicamente, não é fácil lembrarmo-nos de casos em que políticas repressivas da imigração (como da emigração, aliás), com o mínimo de respeito pelos direitos humanos, tenham resultados sustentados. E essa sustentabilidade é ainda menor quando as razões para a pressão migratória são fortes e estruturais - como no caso da migração em massa, por todos os meios, de países africanos (e outros) para a Europa.
O Governo espanhol, em mais um acto de desespero, pede agora aos seus parceiros europeus aviões e navios para "travar a chegada" de imigrantes ao seu território. É possível que o fluxo se atenue, ou que pelo menos o seu crescimento seja menos forte, por algum tempo. Mas, enquanto não se alterarem as coordenadas das assimetrias de desenvolvimento económico e social entre os dois lados do Mediterrâneo, o essencial do problema (e, portanto, da resposta do lado mais desfavorecido) não se vai alterar.
Mais do que mobilizar barcos e aviões, a Europa já devia ter percebido as vantagens (a vários níveis) de recorrer a outro tipo de meios, mais estruturante, para lidar com as pressões migratórias.