Na América do Sul, o imperialismo fala em português
O sentimento anti-norteamericano continua forte na América do Sul, mas o novo imperialismo é brasileiro – e um bocado espanhol. Quando Evo Morales decidiu nacionalizar o gás e o petróleo, mandou as tropas do exército rodear os escritórios da Petrobras. Não foram a Exxon nem a Texaco os alvos do show-off militar. Assim, as principais vítimas da ‘decisão soberana’ (Lula dixit) são as empresas de dois dos países mais amigos do governo boliviano: Brasil e Espanha. O famoso ‘yankee go home’ de outros tempos regressa hoje como ‘españoles, fuera’ e ‘brasileiros, vão para casa’ – ou então paguem o que levam. Difícil deve ser, para líderes progressistas como Lula e Rodríguez Zapatero, entender como foi que os seus países se tornaram exploradores do terceiro mundo. Entretanto, a opinião pública no Uruguai, Perú e Colômbia apoia a assinatura de tratados de livre comércio com os Estados Unidos. Para os povos da América do Sul, a língua do império já não é (só) o inglês.
Andrés Malamud