Estado, partido, diplomacia e solidariedade
O debate sobre a presença de um stand das FARC (ou do seu orgão de propaganda) na Festa do Avante levantou, entre muitas outras, uma questão lateral que merece ser clarificada.
Nas caixas de comentários aparece repetidas vezes a referência a que se as FARC não deveriam ter sido convidadas também a Embaixada da Colômbia não devia existir, dada a natureza do regime de Uribe. Este paralelismo é recorrente, mas assenta num equívoco maior, a meu ver.
Desde o 25 de Abril que Portugal assumiu um princípio no seu relacionamento com os Estados que assenta na diversificação do relacionamento diplomático e na não interferência. Ter uma embaixada em Portugal não diz nada sobre solidariedade portuguesa com o regime político do país em causa e só em casos muito excepcionais de conflitos sérios deve Portugal aplicar outro critério, como ocorreria, por exemplo, se um país fosse expulso da ONU ou como aconteceu na relação com a Indonésia durante a ocupação de Timor Leste.
Este princípio regula a relação entre Estados. Coisa completamente diferente deve ser a relação entre partidos. Essa expressa uma relação de solidariedade política e a diplomacia de partido nada tem que ver com a de Estado, embora haja muita gente com responsabilidades que as confunda e nem sequer é só no PCP.