Expliquem-me como se eu fosse muito burro
Sabe-se como começam os pactos de regime, mas nunca se sabe onde acabam. Começou na justiça e agora surgem “pressões” para ser alargado à segurança social. Tudo isto é muito interessante, não fora o caso de valorizar o processo, desvalorizando a substância. Ou seja, o que interessa é o pacto, o seu conteúdo, logo se vê. E na segurança social dificilmente se vê onde é que pode haver pacto entre partidos. É que enquanto governo e parceiros sociais têm andado a negociar um pacto, baseado no mesmo paradigma, já o que o PSD “propõe”, daquilo que se consegue perceber, é uma mudança de paradigma, inconciliável com a proposta do Governo. Pelo caminho, mostra-se como é possível em Portugal andar dois meses a acenar como uma “proposta” que mais não é do que uma folha A4 com uma ideia, ainda para mais não sustentada e repleta de imprecisões e indefinições.
Ao contrário de José Sócrates, não tenho nenhuma oposição de princípio ao plafonamento vertical – que nem sequer vejo necessariamente como uma ameaça privatizadora –, do mesmo modo que não tenho nenhuma simpatia pelo regime de repartição que caracteriza o sistema português (pelo contrário, tenho até antipatia ideológica pelo mesmo: é um regime conservador, que reproduz os equilíbrios sociais num determinado momento, congelando-os e que tem na sua génese desigualdades internas). Mas isto não impede que continue a não perceber como é que é possível – ainda para mais numa situação de fraco crescimento económico e de desequilíbrio orçamental – evoluir do nosso sistema para algo próximo da proposta do PSD.