segunda-feira, 16 de outubro de 2006

A educação tem de mudar!

1. Quanto mais se olha para os indicadores nacionais, mais firme se torna a conclusão de que a situação actual não é explicável pela falta de recursos financeiros.
Há, certamente, um conjunto de razões que levam a que os nossos indicadores sejam tão maus como são, entre as quais se conta certamente o atraso com que chegámos ao 25 de Abril de 74, o que não deixará de continuar a repercutir-se nos estão hoje no sistema de ensino.
Mas, segundo os dados disponíveis no portal do Ministério da Educação, não é a falta de recursos que pode explicar os resultados:

  • Entre 1995 e 2006, a despesa pública em educação passou de 3.324 milhões de € para 6.107 milhões de €;
  • Entre as mesmas datas, o número de docentes aumentou regularmente, enquanto o número de alunos se foi reduzindo;
  • Entre as mesmas datas - com excepção do 1º ciclo do ensino básico, onde se verificaram progressos constantes - em todos os outros ciclos do básico e em todos os anos do secundário, a nota predominante é a da estabilidade dos maus resultados.

2. As comparações com os restantes países da UE levam a conclusões idênticas, pois, como se mostra no gráfico acima, Portugal é o 3º país da UE25 com maior despesa pública em educação.
3. Mas, quando se comparam resultados, a conclusão é a oposta: com excepção de Malta, nenhum outro país tem tão maus resultados e o abandono escolar antecipado representa o dobro da média comunitária.


4. Parecem, pois, seguras três conclusões.
Primeiro, que, como não podemos continuar com resultados deste nível, é preciso aumentar a eficiência do sistema educativo. Segundo, que, dados os níveis e a evolução da despesa pública e a escassez dos resultados obtidos na última década, as mudanças a realizar têm de assentar essencialmente em ganhos de eficência do sistema. Terceiro, que, em consequência, é indispensável alterar as condições em que a acção profissional dos professores se exerce, o que obriga a alterações estruturais.

5. Alguém me explica porque motivo é má ideia acabar com a categoria única para professores – uma excepção sem paralelo - melhorar as condições no início da carreira, torná-la mais exigente para os mais experientes e condicionar o progresso na carreira profissional à avaliação e à selectividade, premeando os que forem considerados mais competentes em função dos resultados obtidos?