Em que é que ficamos?
Na Única do Expresso, uma curiosa reportagem faz o elogio do ensino recorrente no São João de Brito. A peça é um exemplo curioso e divertido do modo como, entre nós, a sociedade civil, ao mesmo tempo que se vangloria da sua capacidade para fazer o que o Estado não faz, tem reduzida autonomia e é dependente deste. Este processo tem, aliás, consequências nefastas: enquanto deslegitima a capacidade estatal, reproduz a dependência e a fragilidade da sociedade civil.
Reparem só na abertura do texto: “O São João de Brito, um dos mais bem cotados colégios do país, dá aulas gratuitas em regime nocturno aos mais carenciados. Um serviço que os cortes estatais podem agora pôr em causa”. Em que é que ficamos? Afinal as aulas são gratuitas e a actividade benemérita ou é o conjunto dos contribuintes que paga a actividade benemérita do São João de Brito?