quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Globalização sindical

É hoje fundada a nova confederação sindical global. Nela se fundem as existentes CISL (reformista) e CMT (cristã) e nela se juntam directamente várias confederações nacionais, nomeadamente as que no ocidente foram criadas ou estiveram durante décadas sob inspiração comunista, como a CGT francesa ou as Comisiones Obreras espanholas.
Em Portugal a UGT junta-se naturalmente aos fundadores e a CGTP não, ficando de fora desta verdadeira globalização sindical.
Estou convencido que todos os sindicalistas de topo da CGTP perceberam o alcance histórico de tão grave erro estratégico da central, impedida por cadeias de comando discretas mas poderosas de seguir um rumo autónomo e paralelo das suas parceiras históricas, como a espanhola e a francesa.
Este é mais um sinal de que as correias que prendem a CGTP ao PCP podem ser sinuosas mas continuam reais e apertadas. Por vontade do PCP, a CGTP seria o braço nacional do poderoso e autónomo movimento sindical de Cuba, da Coreia do Norte e da Republica Popular da China. Se o PCP já não tem força para impôr visivelmente tal alinhamento risível, lá vai manietando como ainda pode a margem de manobra estratégica da CGTP, tornando-se em simultâneo, provável e pateticamente, na maior força e no maior inimigo do futuro da central.
Este comportamento anti-sindical por parte do PCP não poderá deixar de ter, mais tarde ou mais cedo, novas e profundas repercussões no sindicalismo português.

PS. Obrigado, Ivo Gonçalves, pela correcção histórica em relação à CGT francesa. O primeiro parágrafo do texto foi corrigido, adoptando o conteúdo da nota que me enviou por mail:
"A CGT francesa não foi criada sob inspiração comunista. Foi-o, salvo erro, no Congresso de Limoges em 1895. Só após a 2 ª Guerra Mundial se desenha uma evolução favorável ao PCF, que se reforça em 1947 com a cisão de Jouhaux e outros antigos dirigentes da CGT e a criação da CGT - Force Ouvrière."