Iraque: onde para a direita belicista portuguesa?
Primeiro, havia a certeza da existência de armas de destruição maciça e era essa a justificação para a intervenção militar no Iraque.
Depois, demonstrada a impossibilidade de as encontrar, a justificação passou a ser a instauração da democracia e o reforço da governabilidade no Iraque, visto que o argumento - verdadeiro mas insuficiente - da ditadura iraquiana não convencia nenhum democrata responsável.
E agora? Berlusconi já não governa Itália; Aznar pagou cara a tentativa de mentir tanto sobre o dramático ataque terrorista de 11 de Março em Madrid quanto sobre as armas destruição maciça no Iraque; Durão Barroso já saiu de cena quanto ao assunto, admitindo que houve enganos; Blair abandonará dentro de algum tempo e, ainda que com alguma injustiça, terá os seus mandatos largamente marcados pela aliança com George W. Bush.
Agora, o New York Times publica diagramas onde os militares reconhecem que situação caminha para o caos, enquanto no Público as figuras de proa dos neo-conservadores vão, umas atrás de outras, reconhecendo que a guerra não pode ser ganha.
Quando veremos os fazedores domésticos de opinião explicarem-se e retratarem-se publicamente sobre a guerra do Iraque, sobre Guantanamo, bem como sobre a tolerância da tortura e dos cárceres privados nos quatro cantos do mundo a pretexto da guerra contra o terrorismo?