Preconceitos
1. Eduardo Prado Coelho não tem dúvidas: «O pobre Engels nunca foi grande espingarda e estava já esquecido nos livros de história da filosofia. Sem Marx, esse, sim, genial, Engels não existia.» (Público, 06/11/06).
2. Randall Collins faz outra avaliação: «Engels in fact was a thinker of more consideralble originality and breadth: in some respects more so than Marx. […]. It is Engels who breathed sociology in the vision, and it is Engels’s own writings — and those of Marx that were collaborative with, or inspired by, joint work with Engels — that delivers what sociology can learn from this “Marxian” view.» (Four Sociological Traditions, OUP, pp. 57 e 60-61).
3. Claro que a avaliação de Collins poderá estar enviezada pelo reconhecimento que este faz de que “Engels gave considerable weight to the priority of empirical complexity over preconceived theory” (idem, p. 119). Pelo que E.P.C. terá, afinal, toda a razão: de facto, só mesmo quem nunca foi grande espingarda é que poderia pensar ser possível questionar uma qualquer retórica impecável com uma mais do que preconceituosa referência à chata da realidade.