No dia da notícia do enforcamento de Saddam Hussein
Os que, como eu, pensam que nada, em nenhuma circunstância, justifica a pena de morte, só podem discordar da decisão de mandar enforcar Saddam Hussein. Porém, neste caso, há mais a dizer, mesmo que sem surpresa: é difícil imaginar pior conjugação da brutalidade com a estupidez.
George W. Bush nunca comutou uma pena de morte quando o seu mandato se resumia a um dos Estados federados dos EUA.
George W. Bush empurrou o seu país e os que com ele se coligaram para a guerra no Iraque e, de desastre em desastre, vai acumulando derrotas cujas consequências prováveis não se viam desde o Vietname.
George W. Bush e os que com ele se coligaram criaram esses monstros de esmagamento dos direitos humanos que se chamam Guantanamo e Abu Graib.
George W. Bush não aceita que os EUA se submetam ao Tribunal Penal Internacional.
Não há, portanto, nenhuma novidade na decisão de mandar executar um ditador com quem Donald Rumsfeld se encontrou quando Saddam massacrou os curdos com armas biológicas.
Mas fazê-lo pela forca, num dia com significado religioso para sunitas e xiitas, afirmando que "Bringing Saddam Hussein to justice will not end the violence in Iraq, but it is an important milestone on Iraq's course to becoming a democracy that can govern, sustain, and defend itself, and be an ally in the war on terror," tem fortes probabilidades de lançar mais lenha na fogueira que George W. Bush e os que com ele se coligaram têm vindo a atear com as justificações que inventaram para justificar a invasão, com o espezinhar da ONU, com a forma como têm conduzido as operações militares no Iraque e com os resultados a que chegaram.
E ainda por cima, há boas possibilidades de não serem os únicos a pagar pelo estão a fazer.