Progressistas votam Eiffel!
Os jornais publicitam, a net ajuda: vota-se, até Julho de 2007, nas “novas” 7 maravilhas do mundo. Primeiro passei ao lado do entretém, depois reconsiderei e decidi participar.
Vou votar na Torre Eiffel.
1. Dos 21 finalistas da votação, 7 (um terço) são templos, 2 têm conotações místicas e 4 são expressões mais ou menos imponentes do poder político-militar. O lazer está representado por duas obras (o Coliseu de Roma e a Ópera de Sidney) e as cidades por espécimes arqueológicos ou nostálgicos, nunca por centros vivos e modernos. Apenas 2 dos finalistas são obra construída no século XX, o período em que mais se construiu em todo o mundo. Sobram, isolados, dois ícones da modernidade, ambos do século XIX: a Torre Eiffel e a Estátua da Liberdade.
2. A Torre Eiffel, símbolo da Exposição Universal de Paris de 1889, expressava as esperanças no progresso técnico e científico (por ocasião do centenário da Revolução Francesa). Descobriu-se depois que O Progresso não existe, que não há lógica na História, que não há força condutora de destinos comuns. Ainda bem. Pena que se tenha perdido também, de caminho, a ideia de que é possível construir, deliberadamente, um mundo melhor. Se não existe como destino, o progresso poderá sempre existir como objectivo escolhido.
3. A Estátua da Liberdade seria outra escolha possível. Mas nesse caso o símbolo teria excessiva prioridade sobre a estética. Além do que é pena a confusão da simbologia, pelo menos na origem, entre liberdade individual e liberdade nacional. De qualquer forma, a base da estátua é também de Gustave Eiffel…