Política defensiva
Miguel Sousa Tavares criticou, em artigo de opinião publicado no Expresso de sábado passado, as decisões de tribunais sobre as chamadas “aulas de substituição”. Já o tinha feito também a propósito das decisões sobre o encerramento de maternidades. De ambas as vezes com razão.
A crescente judicialização da vida política portuguesa, agora chegada a Portugal, é negativa. A prazo, desvaloriza o acto eleitoral como mecanismo específico de prestação de contas pelos titulares de cargos políticos e, sobretudo, induz uma prática defensiva na política, a exemplo do que aconteceu já nos EUA no domínio da medicina: a chamada “medicina defensiva”, praticada para protecção legal de médicos e instituições de saúde ainda que à custa das hipóteses de salvação do doente grave.
Na prática, a política defensiva será (é?) uma política sem riscos. Não há melhor caminho para erradicar, de vez, a possibilidade do reformismo a partir do Governo.
Será por cegueira ou por interesse?