Low: o concerto do ano
Ponto prévio:
Há umas semanas, os bloc party tinham ameaçado: coliseu cheio, energia no máximo, uma criatividade rítmica irresistível e a prova de que nem é preciso fazer um concerto impecável quando se tem grandes, enormes canções (mesmo que que, em média, as de silent alarm estejam uns furos acima de weekend in the city) e quando elas funcionam ao vivo como poucas.
(Este era, mais coisa menos coisa, o post que não escrevi na altura.)
Hoje,
a história foi diferente: os Low são uma das bandas mais incompreensivelmente subvalorizadas, quase ao ponto da clandestinidade, de que me consigo lembrar (talvez o facto de serem de Duluth, Minnesota, explique alguma coisa) e deram para umas cem pessoas um concerto absolutamente memorável no santiago alquimista. Duas horas muito baseadas em "the great destroyer" (2004) e "drums and guns" (2007), mas com sucessivas (e saudadas) incursões por álbuns mais antigos.
Os rótulos atribuídos aos Low têm sido vários, todos inexactos: lo-fi, slowcore, whatever. No fundo, são três pessoas a fazer música carregada de sentidos e com uma simplicidade, por vezes, desarmante: guitarra eléctrica, baixo, percussão quase minimal; ambientes de luzes baixas, intercalados com explosões carregadas de ruído; momentos mais melódicos cuidadosamente doseados; vozes (homem e mulher) e melodias entrelaçadas, ora lentas, ora tensas, quase em silêncio, ora sóbrias, mas sempre no registo certo.
Acabaram a conversar no palco com o público, o que dá bem ideia da intimidade do concerto, mas o essencial já tinha acontecido antes. As good as it gets.
Este é um ano em que a oferta de concertos em Lisboa é especialmente abundante; dificilmente algum ultrapassará este.
(No site dos low, é possível ver vídeos como monkey e california (ambos incluídos em the great destroyer, mas que infelizmente não fizeram parte do alinhamento), breaker, belarus, murderer (do novo drums and guns), e os mais antigos dinosaur act ou over the ocean - todos tocados em Lisboa)