quarta-feira, 7 de maio de 2008

Complexo político-energético: a torneira é uma arma

Vladimir Putin abandonou hoje a Presidência da Rússia e vai para Primeiro-Ministro. Dmitri Medvedev, vindo da Gazprom, tomou posse do cargo de Presidente. Viktor Zubkov demitiu-se de Primeiro-ministro e vai dirigir a Gazprom. A dança das cadeiras no triunvirato russo que tem o vértice em Putin está consumada.
Enquanto a Europa parece preocupada com o hipotético poderio chinês do futuro, baseado em brinquedos e vestuário, a Rússia vai abraçando-a com as armas do século XXI. Schroeder quando saíu de chanceler aceitou o convite de Putin para tornar-se alto funcionário na Gazprom onde dirige o pipeline russo-alemão que, pelo Norte da Europa, nos abastecerá de gás natural. Esta semana soube-se que Romano Prodi, ao saír de primeiro-ministro da Itália recebeu convite semelhante para o pipeline russo-italiano que, através do Mar Negro, se propõe dar-nos o outro braço energético, em vez da alternativa, com origem no Turquemenistão, que atravessaria a Turquia que os alemães querem manter fora da UE. Para a dança político-energética ser completa faltava Prodi ter aceite o convite, o que, demonstrando a sua verticalidade, não fez.
Mas que os homens do ex-KGB perceberam que o tempo do complexo militar-industrial em que perderam a Guerra Fria pode estar a ser substituido pelo do complexo político-energético em que tentam enredar a Europa usando como arma a torneira parece meridianamente claro.