Desigualdade e polarização

A ideia de concentrar as políticas sociais no apoio aos mais necessitados, pondo fim à universalidade de prestações sociais fundamentais, hoje muito defendida à direita, pode assegurar a continuidade dos seus efeitos na atenuação da pobreza, mas reduzirá esses mesmos efeitos no campo da redução da desigualdade. Se substituirmos o igualitarismo pelo assistencialismo, as classes médias encolherão e, no final, teremos uma sociedade mais polarizada.

Um bom indicador dos processos de mobilidade descendente induzidos por aquele encolhimento é o apresentado por Louis Chauvel em Les Classes Moyennes à la Dérive (Seuil, La République des Idées, 2006, 112 pp.): “Pela primeira vez em tempo de paz, a situação global da nova geração é menos favorável que a dos seus pais” (p. 11). A ler para perceber os riscos da polarização social.