A oposição neojacobina à autonomia
Insiste Nuno Crato, ouvido na rádio um destes dias, que o ensino da matemática deveria basear-se na resolução de problemas abstractos, não de problemas reais. Presume-se, pelo discurso, que o Estado deveria fixar este entendimento como orientação pedagógica geral.
No entanto, como diferentes alunos aprendem melhor o mesmo por vias diferentes, a boa pedagogia é que combina diferentes técnicas para obter o mesmo resultado. Seleccionar a boa técnica em cada contexto, é decisão profissional que só pode ser tomada, em concreto, pelos professores. É, aliás, por o bom funcionamento da escola implicar variados níveis de decisão local que o desenvolvimento da sua autonomia é indispensável.
A relação entre autonomia e diversidade é fundamental. Por um lado, não haverá diversidade de práticas, como condição para o sucesso das aprendizagens, sem reforço da autonomia das escolas. Por outro, escolas autónomas sem diversidade seriam escolas com uma autonomia sem substância.