A crise anterior
1. É claro que são muitas e muito importantes as diferenças entre a crise do sistema financeiro internacional que estamos a viver actualmente e a crise de ajustamento estrutural que Portugal conheceu nos anos 80 e que antecedeu a entrada para CEE. Mas é possível, se não mesmo provável, que a actual crise financeira venha a ter consequências económicas esociais cujos contornos e alcance estão ainda por estimar.
2. Entre as diferenças mais relevantes estão factos tão importantes como a mudança do escudo para o euro e as regras de funcionamento da UEM, onde avulta o Pacto de Estabilidade, a estrutura sectorial da economia e os respectivos padrões de especialização produtiva, e os níveis actuais de qualificações, de emprego, de desemprego, de remunerações e de desigualdade.
3. Há igualmente diferenças muito importantes nos instrumentos de combate a uma eventual crise económica que venha a instalar-se entre nós a partir do que já se está passar nos EUA e nalguns países da UE, entre os quais os quais avulta a impossibilidade de provocar um ajustamento rápido da economia real assente na subida da inflação e na redução dos salários reais, como aconteceu na crise anterior
4. Perante uma nova crise grave que force a um ajustamento acelerado da economia, visto que estará fora de questão a hipótese de provocar um disparo da inflação para reduzir os salários reais, na ausência duma reforma de fundo do sistema de relações laborais, o emprego será o grande sacrificado.
5. E, nessa reforma, os instrumentos que conjugam melhor a eficiência económica e as condições sociais do trabalho são os que permitem aumentar a adaptabilidade interna das empresas – para conjugar melhor a reacção destas às transformações dos mercados e para permitir aos trabalhadores uma melhor articulação entre a vida pessoal e profissional – e os que protegem a mobilidade, assegurando a protecção dos rendimentos dos trabalhadores na transição entre empregos e permitindo-lhes a aquisição acelerada das qualificações que permitem aceder aos empregos disponíveis.
6. É por isso que me pergunto porque é que algumas almas que se reivindicam da esquerda continuam a não entender – ou, o que é pior, a fazer de conta que não entendem - que as estratégias chamadas de “mobilidade protegida” ou de “flexigurança” constituem actualmente a única alternativa disponível à desregulamentação da legislação laboral, à redução dos salários reais e ao aumento do desemprego.
2. Entre as diferenças mais relevantes estão factos tão importantes como a mudança do escudo para o euro e as regras de funcionamento da UEM, onde avulta o Pacto de Estabilidade, a estrutura sectorial da economia e os respectivos padrões de especialização produtiva, e os níveis actuais de qualificações, de emprego, de desemprego, de remunerações e de desigualdade.
3. Há igualmente diferenças muito importantes nos instrumentos de combate a uma eventual crise económica que venha a instalar-se entre nós a partir do que já se está passar nos EUA e nalguns países da UE, entre os quais os quais avulta a impossibilidade de provocar um ajustamento rápido da economia real assente na subida da inflação e na redução dos salários reais, como aconteceu na crise anterior
4. Perante uma nova crise grave que force a um ajustamento acelerado da economia, visto que estará fora de questão a hipótese de provocar um disparo da inflação para reduzir os salários reais, na ausência duma reforma de fundo do sistema de relações laborais, o emprego será o grande sacrificado.
5. E, nessa reforma, os instrumentos que conjugam melhor a eficiência económica e as condições sociais do trabalho são os que permitem aumentar a adaptabilidade interna das empresas – para conjugar melhor a reacção destas às transformações dos mercados e para permitir aos trabalhadores uma melhor articulação entre a vida pessoal e profissional – e os que protegem a mobilidade, assegurando a protecção dos rendimentos dos trabalhadores na transição entre empregos e permitindo-lhes a aquisição acelerada das qualificações que permitem aceder aos empregos disponíveis.
6. É por isso que me pergunto porque é que algumas almas que se reivindicam da esquerda continuam a não entender – ou, o que é pior, a fazer de conta que não entendem - que as estratégias chamadas de “mobilidade protegida” ou de “flexigurança” constituem actualmente a única alternativa disponível à desregulamentação da legislação laboral, à redução dos salários reais e ao aumento do desemprego.
7. A menos que a explicação seja tão simples, quanto inaceitável: quanto pior, melhor para os "amanhãs que cantam", a longo prazo e se fôr caso disso. Mas então valeria a pena que se lembrassem que, como ensinou Keynes, a longo prazo estaremos todos mortos.