E depois da pausa?
A decisão do Conselho Europeu sobre a ratificação do Tratado foi típica da UE. Reconheceu o fait accompli britânico, encontrou o ponto de consenso mínimo e atirou as decisões de fundo para a frente.
O silêncio também tem uma agenda. No caso concreto, é evidente que que se não queria desperdiçar energias que este fim de semana são necessárias para a discussão do "cheque". E que os chefes de Estado estão à espera do Outono na Alemanha, ou mesmo das próximas presidenciais francesas. Mas não basta.
É necessário que se diga, vale mais cedo que tarde, para que se quer aproveitar a pausa. José Sócrates apresentou propostas construtivas, de que a concentração no tempo das ratificações me parece um excelente exemplo e o anunciado apoio da Espanha, Polónia e Áustria, sinais encorajadores. Jacques Chirac, pense-se o que se pensar da sua postura e da sua autoridade moral, tomou também uma iniciativa. Mas o "plano D" de Durão Barroso, de repente convertido em adepto do diálogo , mais não é do que a tentativa de ocupar palco sem nada dizer.
A liberdade de reflexão dos chefes de Estado tem, agora, limites, porque estamos a falar de um processo em curso. Um deles parece-me ser o de não mudar o método de ratificação onde ele já foi adoptado. Pela mesma razão pela qual acho que os referendos sobre o aborto e a regionalização se tornaram politicamente vinculativos, não imagino ratificações parlamentares onde já houve referendos, ou mesmo onde eles já foram anunciados. Seria estúpido mudar as regras a meio do jogo e provocaria legítima desconfiança em relação às instituições, como bem nota Natália Guimarães em comentário ao meu post anterior sobre o assunto (o "sentido prático").