21
Na minha juventude era um número mágico. Significava atingir a maioridade e, portanto, poder tirar a carta (de condução) e aceder a toda a liberdade só permitida no mundo dos adultos. Supunha-se que o acesso aos novos direitos e à nova liberdade tinha como contrapartida o exercício da responsabilidade associado à maturidade que resultava do crescimento.
Para o Expresso, o número 21 é, desde ontem, símbolo da irresponsabilidade. Pelo menos.
Na edição de 2 de Julho de 2005, na página 21, titula-se: «Rusgas policiais sem mandado. O Governo quer dar mais poder à polícia no combate ao crime violento». Ao lado uma fotografia, legendada: «PREVENÇÃO CRIMINAL O Governo dá novas “armas” aos polícias, que só vigoraram durante o Euro 2004». Na foto: quatro indivíduos negros de costas, encostados a uma parede, mãos na cabeça, à noite numa rua escura, são revistados pela polícia.
E assim se constroem os estereótipos que suportam o racismo.
O Expresso deve-nos, a todos, um pedido público de desculpas.
Pelo menos.