A culpa não é solteira
Muitos dos debates sobre Portugal, sobre a União Europeia (UE) e sobre o que seria necessário fazer para se sair do ciclo vicioso em que nos encontramos têm subjacente a ideia de que “a culpa é de Bruxelas” ou de que os outros países — sobretudo os maiores países — nos impuseram soluções de que não gostamos.
Como, excepto para uma minoria na qual me incluo, o federalismo europeu continua a não ser reconhecido como um requisito do progresso social de todos e de cada um dos Estados membros da União Europeia, vale a pena deixar de usar apenas categorias pouco esclarecedoras — como são os nomes dos países — e ter presente, para além do mais, que na UE só existem democracias e, portanto, que a orientação política dos governos nacionais é decisiva.
A benefício dum debate menos desinformado do que é habitual, é útil ler o trabalho de P. Manow, A. Schäfer e H. Zorn, disponível aqui, donde se retirou a informação do quadro abaixo.
Fonte: Manow, Schäfer e Zorn (2004)
Entre outros méritos, o quadro mostra bem que a culpa pode ser atribuída a várias famílias políticas ao longo do tempo.
Mas lá que a esquerda — seja lá o que for que isso queira dizer … — raramente teve a maioria na UE, lá isso parece inegável.