domingo, 30 de outubro de 2005

À mulher de César…

1. António Capucho foi violentamente criticado por ter nomeado o filho para um cargo de direcção na Câmara Municipal de Cascais. O novo director tinha entrado na Câmara por concurso antes de Capucho ser presidente e não lhe foram apontadas limitações no plano das competências requeridas para o cargo. O lugar é definido como de confiança política e de nomeação sem concurso. A crítica não se fundamente na incompetência do nomeado, mas na sua relação familiar com o Presidente. A frase ouvida é a do costume: “À mulher de César não lhe basta ser séria, é necessário que pareça séria”. Como muitas outras frases do género, e em particular os muitos ditados populares citados a propósito de tudo e de nada, é uma afirmação reaccionária. Como o também muito conhecido “não há fumo sem fogo”, substitui a presunção de inocência pela presunção de suspeição generalizada.

2. Faço estas afirmações como cidadão, sem invocar, abusivamente, qualquer autoridade profissional, irrelevante para este propósito. Esta é uma questão de ética e de política, que só pode ser tratada nestes domínios. A intervenção pública de Luís de Sousa sobre o assunto, no Público de sábado (29/10), é pois, apenas, também uma opinião, por acaso divergente da minha. O seu estatuto de investigador não deve ser para aqui chamado.