sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Iraque: e a direita continua muda?

O Independent reproduz declarações que Bill Clinton terá feito fora dos EUA, segundo as quais “It was a good thing Saddam Hussein had gone […] "but I don't agree with what was done". De acordo com o jornal, Clinton acusou a administração Bush de ter avaliado mal a situação, não percebendo "how easy it would be to overthrow Saddam and how hard it would be to unite the country", e acusa o seu sucessor de ter cometido "several errors, including the total dismantlement of the authority structure of Iraq" e de não ser capaz de bloquear a entrada de terroristas no Iraque.
Juntem-se Abu-Grahib, o uso do fósforo branco em Falujah, Guantanamo, as prisões secretas e ilegais em países estrangeiros, a manipulação a favor da guerra da comunicação social norte-americana e internacional e temos uma longa lista de decisões, em que as violações grosseiras dos direitos humanos e do direito internacional se misturam com o aventureirismo militarista para gerar uma situação sem saída aparente, nem para o Iraque, nem para a região, nem para o chamado mundo ocidental.
Mário Soares, Eduardo Ferro Rodrigues e muitos outros tomaram posições públicas, desceram a Avenida da Liberdade em protesto contra a guerra do Iraque e … foram insultados por Durão Barroso, Paulo Portas e muitos mais. Pelos mesmos motivos, Freitas do Amaral, durante o debate do Programa do actual Governo, foi enxovalhado em plena AR por Deputados do PSD e do CDS-PP.
O tempo deu razão a quem a sempre a teve.
Veremos se e quando é que acaba o vergonhoso silêncio dos que, então, tiveram voz grossa para acusar de anti-americanismo primário, de esquerdização oportunista, brindando todos os que se opuseram áquela guerra com “pérolas” daquelas e afirmações quejandas, por terem tido a coragem de de se manifestarem a favor da lucidez, da decência e da razão.
Será antes ou depois dos ruidosos silêncios de outros responsáveis políticos, de quem ainda hoje não se conhece uma palavra sonora sobre o assunto?