A Pátria contra a democracia
Segundo Manuel Alegre, “[t]emos que voltar a dizer com orgulho a palavra Pátria e dar-lhe um sentido de modernidade e de futuro”. Lendo o discurso de apresentação da candidatura, de onde esta citação foi retirada, encontro raízes a mais: é a alma do povo português, seja lá o que isso for, é a identidade de séculos, que vive eterna não se sabe como, é a retórica nacionalista comum sempre presente. Há um predomínio da pátria sobre a democracia, como transparece na justicialista proposta de respeitar a presunção de inocência em abstracto mas anulando-a em concreto (quando se pergunta “se um cidadão pronunciado, ainda que sem pôr em causa a presunção de inocência, poderá ser candidato a cargos políticos”).
Não sei já se este é um discurso de esquerda. Mas cosmopolita e democrata não é de certeza.