domingo, 4 de dezembro de 2005

Normalização totalitária

Segundo notícia do Público de sábado (03/12/05), a “OMS deixa de contratar pessoas que fumam”. Atenção, não se trata de impedir um funcionário de fumar nas instalações da Organização Mundial de Saúde ou quando ao serviço desta. A proibição é geral, incluindo o acto de fumar fora do local e das horas de trabalho. Os trabalhadores actuais que fumam serão impelidos a tratarem-se.
Argumenta a OMS que esta decisão não é discriminatória. É verdade, não é. Mas é totalitária, pois presume que a organização tem o direito de (1) obrigar os seus empregados a comportamentos normalizados fora do espaço e tempo de serviço à organização e de (2) proibir comportamentos que não têm consequências sobre terceiros, apenas prejudicando os próprios.
Com um exemplo destes, não admira que tenha havido já entidades privadas a colocar as mesmas exigências aos seus futuros empregados. Se deixarmos passar esta política da OMS estaremos pois a abrir a porta a outras intrusões inaceitáveis de organizações públicas e privadas nos estilos de vida e preferências privadas dos cidadãos.
Este não é assunto que possa ser tratado como anedótico. Ou como problema irrelevante. Proponho, pois, o envio de mensagens de protesto para info@who.int (endereço electrónico para contacto com a sede da OMS).