A privatização contra o Estado de Direito
A decisão, da direita italiana, de estabelecer o direito de usar armas de fogo em nome da auto-defesa doméstica constitui mais um passo do fortíssimo e continuado ataque em curso contra o Estado de Direito.
Dois outros exemplos: o estabelecimento, pela administração Bush, de prisões privadas em países estrangeiros, a prática da tortura nessas prisões e a recusa do acesso a essas prisões de organizações internacionais de defesa dos direitos humanos; a tentativa, da administração Bush, de obter informações sobre o uso privado de browsers da internet, a que cederam três das quatro grandes companhias americanas.
Para onde estamos a ir, quando o "big brother" electrónico tenta atingir uma escala que faria estarrecer Orwell, quando se privatiza e deslocaliza o cárcere para contornar as normas do Estado de Direito e fazer escapar ao controlo democrático o uso da violência pelas administrações públicas e quando se alarga a legitimidade do uso privado da violência até ao uso das armas de fogo?
E o que faz permanecer tão calados alguns trovadores políticos, sempre tão prontos a invocar os direitos do indivíduo contra o desenvolvimento dos direitos sociais?