quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Governabilidade e bom senso

Começou o degelo entre Manuel Alegre e José Sócrates. Dado o modo como tudo aconteceu, antes das eleições presidenciais, de ambas as partes, é o único passo razoável.
Apoiei convictamente Mário Soares, sem reserva mental nem atitudes dúbias. Senti-me derrotado com ele e acho lamentável, para não dizer mais, o exercício com que os cínicos pretendem a posteriori transformar a sua disponibilidade para uma luta na causa de uma derrota. Critiquei a plataforma com que Alegre se apresentou, melhor do que qualquer outro descrita por Eduardo Lourenço. Mas talvez o velho militante socialista se tenha só deixado encantar episodicamente, no seu abraço ao populismo, pela quimera das vantagens tácticas que tantas vezes o vi criticar, com acerto e justiça, aos centristas do PS.
De qualquer modo nem Alegre nem Sócrates escreveram na preparação das presidenciais páginas que se possam encontrar entre as mais felizes das suas vidas políticas.
Tudo isto dito, o PS é o lugar político de Alegre e ele não é, de perto nem de longe, o único culpado da fractura presidencial.
Manda o bom senso que Alegre e Sócrates refreiem os seus fiéis e contenham os estados de alma recíprocos. E cada passo bem sucedido que derem um em relação ao outro melhora a governabilidade do país, que bem precisa de um governo fiél ao centro-esquerda, quando o eixo do poder continua a deslizar para a direita.