A Finlândia e as importações
Nos últimos dias, ouvi uns quantos ecos de uma "polémica" oca como só os media sabem produzir: Portugal deve ou não, pode ou não, importar o "modelo finlandês". Com o devido respeito, e para além do clássico ns/nr que uma pergunta assim formulada merece, a questão não é o que podemos importar, mas sim, dada a complexidade da tradução (esta como qualquer outra), o que podemos aprender.
E, tal como noutros casos que ciclicamente são apresentados como milagres ou paradigmas disto e daquilo (a Holanda e a Irlanda contam-se entre eles), a questão está também, além disso, no que queremos (ou não) aproveitar dessa aprendizagem.
No caso finlandês, que desta vez ocupou umas quantas páginas de jornai, há várias coisas sobre as quais, não duvido, temos muito a ganhar se tomarmos as devidas notas (e naturalmente as devidas ressalvas sobre questões de transferibilidade): a relação historicamente virtuosa entre protecção social e economia, com enormes ganhos sociais e apreciável sustentabilidade; o papel do Estado numa estratégia concertada de investimento e, pelo que leio, no estímulo ao capital de risco; a importância da qualificação em todas as idades, mas começando esse investimento logo desde a base. (Não conhecendo com a profundidade necessária o "caso finlandês", admito que sem grande esforço esta elencagem pudesse crescer).
Mas se esta pequena lista não interessa a Portugal, então é provável que muito pouco interesse, de facto.