Reino Unido: como melhorar a situação da classe média sem diminuir a desigualdade
O Institute for Fiscal Studies publicou esta segunda-feira um relatório sobre a pobreza e a desigualdade no Reino Unido (pode fazer o download aqui), segundo o qual, como o Guardian destacou, em título, o nível da desigualdade na sociedade britânica permanece sensivelmente o mesmo desde Thatcher (ver aqui.
Segundo os resultados, Blair não pode, de modo algum, ser considerado um "herdeiro social" de Thatcher. Nos mandatos do New Labour o decil que viu o seu rendimento subir mais depressa foi o segundo e, com duas excepções, quanto mais baixo o nível de rendimento da população, mais acelerado foi o crescimento do seu rendimento. Ou seja, com o governo de Blair melhorou o estatuto económico das classes médias e, em particular da classe média-baixa.
O problema continuam a ser os extremos da escala de rendimentos. Um por cento da população, os mais ricos, continuam a ser o grupo cujo rendimento mais cresce percentualmente. Mesmo assim, os mais ricos de entre os ricos viram fortemente desacelerada a tendência para o aumento da desproporção entre o seu próprio nível de rendimento e o nível geral.
Mas os limites da doutrina do "welfare to work", com o risco de reexclusão social inerente à penalização dos pobres "não merecedores", aparecem na sua plenitude até nestes indicadores de rendimento: só há um grupo de rendimento que tem perdas líquidas (o percentil 1, ou seja, os mais pobres de todos) e os 10% mais pobres continuam a ver o seu rendimento crescer mais devagar que os outros. Ainda não foi com Blair que as dinâmicas de formação da underclass foram vencidas e a pobreza extrema começou a ser erradicada. Segundo o estudo, 500 mil pessoas vivem no Reino Unido com menos de 10 libras por semana.
Ao nível dos efeitos agregados, pode bem dizer-se que Blair, se não é herdeiro de Thatcher, também não rompeu com Major e que foi este último que interrompeu o thatcherismo.
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