Tansos
É mais uma inspiração do Dia D. Na rubrica “Quadro de honra” critica-se a ministra da Cultura por esta ter pretendido fazer passar Berardo por tanso ao colocar a possibilidade de este doar a sua colecção de arte contemporânea ao Estado em troco da construção de um museu para a acolher e exibir. Ao que parece, o Dia D achará mais normal que tansos sejamos todos nós ao sustentar que o Estado financie, com os nossos impostos, a guarda, conservação e exposição de uma colecção privada, para promoção e glória do seu proprietário.
Confirma-se o que se suspeitava. Berardo não é, por exemplo, um Gulbenkian ou um Costantini, que criaram fundações a quem doaram colecções e fundos que permitiram constituir museus hoje de referência internacional, um em Lisboa, o outro em Buenos Aires.
Berardo já tem uma fundação, com o seu nome. Podia fazer como outros fizeram em lugar de mendigar junto do Estado o que não está disposto a gastar pessoalmente. Mas, ao que parece, os louvores à iniciativa privada e à autonomia da sociedade civil são retórica para entreter tansos. Nós.