O triplo défice da educação
Há, entre nós, a convicção de que uma grande parte do défice da educação é "estrutural", vem de há muito e reflecte no presente o que não se fez no passado. É verdade, mas não toda a verdade.
Todos os anos o nosso défice de escolaridade se renova. Partamos de um exemplo concreto. Pensemos comparativamente com a UE e centremo-nos na frequência e conclusão do ensino secundário. Como se vê no gráfico (clicando aumenta e torna-se mais legível):
a) Portugal tem um défice de escolarização dos jovens de 18 anos de cerca de 15% (60% estão na escola contra perto de 75% na UE);
b) Enquanto na generalidade da UE as taxas de frequência do ensino secundário aos 18 anos e a percentagem de população jovem com 20 a 24 anos que o concluiu com sucesso são equivalentes, entre nós esta última está 16 pontos percentuais abaixo da primeira, indicando um défice significativo de sucesso educativo, mesmo dos jovens que se mantiveram na escola.
Ou seja, Portugal tem um triplo défice educativo. Tem o défice herdado, que afecta as gerações anteriores, o défice de frequência e o défice de sucesso educativo, que afectam as que estão agora em idade escolar.
Para que as coisas melhorem substancialmente será necessário que o controlo destes défices ganhe a centralidade política que continua reservada apenas para o outro, quando se passa do discurso às acções estruturais.
A maneira como Portugal vai programar e usar os fundos estruturais nos próximos anos será um sinal do empenho que se terá nestes domínios.