quinta-feira, 27 de abril de 2006

Tréplica

O episódio das faltas é um sintoma, caricato mas menor, de uma doença séria do Parlamento. Repito: neste ponto, concordo inteiramente com o Paulo Pedroso. O episódio das faltas não passaria, aliás, disso mesmo (de um episódio, caricato e menor), não fora a tal «doença séria do parlamento». Foi exactamente por isso que, a propósito de um episódio menor, surgiram várias propostas que iam muito para além da questão das faltas. E foi nesse contexto, e em resposta, que me pareceu mais importante valorizar o essencial (sistema eleitoral) e não o acessório (exclusividade, comissões de controlo, etc.).
De facto, não sei qual é a taxa de participação dos deputados da AR nas votações. De resto, a única coisa que conheço sobre a relação entre sistemas eleitorais e actividade parlamentar é um estudo citado por David Farrell, que até hoje não vi desmentido. Comparando o comportamento dos deputados em diferentes parlamentos, os autores chegam à conclusão que os eleitos num sistema maioritário (como o britânico) têm uma assiduidade (não necessariamente no momento das votações) e um número de iniciativas muito superior ao verificado em sistemas proporcionais de listas plurinominais. Sem estarem comprometidos com a regra da exclusividade, nos chamados «sistemas personalizados», os deputados não se dão ao luxo de acumular o mandato com outras actividades igualmente absorventes nem são desconhecidos nos seus círculos como acontece em Portugal.
PS: Quando encontrar as fotocópias logo indico a página, como mandam as regras.