terça-feira, 2 de maio de 2006

180

O Dr. Bagão Félix já veio sentenciar que «num país como Portugal, 180 deputados são mais do que suficientes» (li numa dessas colunas de citações). O Dr. Marques Mendes, à falta de melhor, prepara-se para apresentar uma moção («Credibilidade para Vencer») que também prevê a redução do número de deputados para 180 (li no Expresso). Ao contrário do que se possa pensar, não há deputados a mais em Portugal. O rácio nacional habitantes-deputados está perfeitamente na média europeia. O número de habitantes que cada deputado representa em Portugal só é mais baixo do que nos países que têm duas câmaras. Houve um tempo em que o PSD ainda defendia a ideia do Senado. Agora, aparentemente, nem isso. Pura demagogia, portanto. A redução drástica do número de deputados só serviria para agravar a qualidade da representação e a desproporcionalidade do sistema. Com (muito) menos deputados, o tão falado «afastamento entre eleitores e eleitos» seria obviamente maior. Com muito menos deputados, os pequenos partidos teriam mais dificuldade em entrar no Parlamento. O mais prejudicado seria o CDS, que normalmente elege em vários círculos um deputado entre os últimos quocientes. Não percebo o silêncio do Dr. Ribeiro e Castro perante esta hipótese. A única explicação é que se queira assegurar de que nunca mais vai ter problemas com o Grupo Parlamentar.