Marques Mendes
O que nos diz a sondagem da Marktest, hoje publicada no DN? Que «Marcelo Rebelo de Sousa continua a ser o mais desejado para presidente do PSD, seguido, a larga distância, por Manuela Ferreira Leite e Luís Filipe Menezes». E que Marques Mendes só consegue superar António Borges.
Calma: não abram já as garrafas de champagne. Estes resultados devem sido lidos com alguma cautela pela esquerda e, em especial, pelo centro-esquerda. E não é porque Marques Mendes ainda possa ser substituído até 2009. Pelo contrário: é que entre os respondentes está muita gente que não costuma votar (e que nunca votará) PSD. Além disso, os portugueses costumam premiar pessoas em estudos de opinião, não tanto enquanto pré-candidatos, mas em função do seu passado, da sua notoriedade televisiva ou simplesmente porque fizeram o favor de se afastar da actividade política. Mais tarde, confrontados com essas mesmas caras em contexto eleitoral, penalizam-nas.
A fraca performance de António Borges e a (relativamente) boa performance de Menezes, na verdade, só surpreendem o senso comum jornalístico: Borges não tem qualquer sensibilidade política e conhece melhor a Califórnia do que Portugal; Menezes, apesar de desprezado pelos analistas, é um exímio populista (talvez a memória fresca do santanismo o trame). Só os resultados de Manuela Ferreira Leite e de Marcelo Rebelo de Sousa parecem confirmar o que nos diz a maioria dos comentadores. Mas, sinceramente, não acredito que Ferreira Leite seja uma adversária mais complicada do que Mendes: Ferreira Leite acumula o seu passivo enquanto ministra das Finanças com dois problemas fatais nos dias que correm: é «feia» e é «velha». E nem mesmo Marcelo merece esta sobrevalorização: o mais certo é que a sua popularidade actual resulte mais do programa de comentário televisivo do que da sua personalidade enquanto alternativa de Governo.
E se Marques Mendes fosse, apesar de tudo, o melhor líder que o PSD pode ter?