O antídoto
Anteontem, em choque ideológico com o Ivan Nunes, Joaquim Aguiar referia-se a uma viragem populista-esquerdista na América Latina. Ontem, no DN, João Morgado Fernandes falava na revolução bolivariana na Venezuela, em Cuba e na Bolívia e acrescentava: «mesmo sem Bolívar, outros países da região, como o Brasil, o Chile ou a Argentina, tentam vias políticas alternativas para enfrentar os enormes desequilíbrios sociais que enfrentam». Nesta questão, mais do que olhar para aparentes semelhanças, importa sublinhar as diferenças essenciais. Se a ideia é defender a democracia liberal na região, e não qualquer regresso ao passado, é um erro falar, de forma simplista, em «viragem esquerdista». Como se lia, há quinze dias, no insuspeito Economist, «this glib formula lumps together some strange bedfellows and fails to capture what is really changing in Latin America». O exemplo chileno, a verdadeira «democracia de sucesso», ou o Brasil de Lula, que concilia economia de mercado com políticas sociais activas, não são versões soft da «revolução bolivariana»; pelo contrário, são, na região, o melhor antídoto contra as soluções fáceis do populismo de Chavez e Morales.