segunda-feira, 15 de maio de 2006

O Senhor Scolari

Daqui a umas horas, o Senhor Scolari vai repetir os disparates em que teima. Tudo em nome de um princípio que muito aprecia: o espírito de grupo. No escrete, a opção fazia sentido. Até à sua chegada, as convocatórias brasileiras funcionavam como entreposto comercial: jogador convocado via o seu passe subir e todos ganhavam com a multiplicação dos convocados (começando no seleccionador Luxemburgo). Em Portugal, é um absurdo. Não há trinta jogadores convocáveis e o que se devia fazer era simples: chamar aqueles que estão em melhor forma em cada momento. Com Scolari, quem faz parte do grupo, até coxo, continuará a fazer parte do grupo. Se Costinha – um excelente jogador – for convocado (ou mesmo Maniche), não sendo, por exemplo, João Moutinho, está aberto um precedente absurdo no futebol nacional. O que conta é o curriculum. Ora, como é sabido, não há jogos ganhos pelo peso do histórico dos jogadores.
No Europeu, convém não esquecer, a teimosia do senhor Scolari ia dando numa eliminação muito precoce. Insistia em jogadores em má forma, não fazendo jogar aqueles que, à época, tinham mesmo de jogar – Ricardo Carvalho, Maniche, Deco e Miguel.
Scolari, um teimoso mal educado (basta pensar no deplorável episódio desta semana com os sub-21 de Agostinho Oliveira) e que se inspira numa filosofia de pacotilha proto-fascista, erra até não ter mais condições para insistir no erro.
Logo às oito, mais uma vez, vai insistir em contrariar evidências. A primeira das quais, a não convocação de Quaresma. É que a sorte nos mundiais depende da condição física dos jogadores e de ter uma ou duas surpresas na manga: Quaresma, com todos os defeitos que tem, é o típico jogador que pode brilhar num mundial e podia claramente ser o joker da selecção. Sem ele, estamos condenados à previsibilidade.
As coisas estão de tal modo que o Porto – que dá-se o caso de ter ganho o campeonato e a taça – arrisca-se a não ter nenhum jogador na selecção (o que convenhamos é estranho). Aliás, Ricardo Costa, suplente na equipa, pode ser convocado apenas para minorar os efeitos desta opção. Até porque a escolha natural de Scolari é um tal de Beto, jogador que, como é sabido, está na mira do Real Madrid vai para dez anos.