Oposição irreal (2)
O Pedro e o António já aqui falaram dessa ideia «estruturante» e «inovadora» que é «a consagração, no âmbito do próximo Quadro Comunitário de Apoio que está em preparação (o chamado QREN), de uma linha específica que permita obter os recursos financeiros indispensáveis ao pagamento das indemnizações a que têm direito os funcionários públicos que entendam rescindir os seus contratos.» Mas há outras ideias no discurso de domingo de Marques Mendes que não são menos «estruturantes» e «inovadoras». Houve uma que me chamou a atenção: «o Estado deve contratualizar com a iniciativa privada a gestão de Museus». É não ter noção de nada. Os museus, como os teatros ou os hospitais, não existem para dar lucro. E, financeiramente, qualquer «contratualização» com os privados sairia pior que a encomenda. Aliás, hoje em dia já existem alguns museus privados, e todos, invariavelmente, dependem dos apoios estatais. O problema dos museus não é de gestão, é de quantidade: não há terra que não tenha o seu museu. Durante anos, assistiu-se a uma proliferação de equipamentos culturais sem conteúdo ou procura que lhes dessem um sentido. Devia fazer-se com os museus o mesmo que se fez com as maternidades: encerrar e concentrar.