Gore 2008
Perante a decisão norte-americana de atacar o Iraque, surgiram basicamente três posições (e não apenas duas). A posição daqueles que são sempre a favor de qualquer intervenção militar norte-americana. A posição daqueles que são sempre contra qualquer intervenção militar norte-americana. E a posição daqueles que se manifestaram contra os termos e os pressupostos em que esta intervenção em concreto assentou. Entre os que partilhavam esta terceira posição, muitos procuraram distinguir a América da administração Bush. Contra esta ideia, os partidários da primeira posição (e mesmo os da segunda) tentaram convencer-nos de que não existiam diferenças entre republicanos e democratas. Os partidários da primeira posição chegavam ao ponto de estabelecer paralelismos absurdos com a segunda guerra mundial, lembrando que «partilhamos valores civilizacionais comuns com a América»: como se «a Europa» e «a América» fossem realidades monolíticas. As recentes declarações de Al Gore, ontem citadas pelo António, constituem, pela sua brutalidade, um sinal claro de que as coisas não são tão simples como os embaixadores de Bush em Portugal nos tentaram fazer crer: «Os EUA são governados por um bando renegado de extremistas de direita.»
PS: Al Gore não é propriamente o Francisco Louça lá do sítio. Foi um dos arquitectos da estratégia de moderação ideológica dos Democratas (pertenceu ao chamado grupo dos New Democrats). Foi Vice de Clinton e candidatou-se à Presidência em 2000, umas eleições que, aliás, ganhou no chamado «voto popular»