quarta-feira, 28 de junho de 2006

Pai, afasta de mim esse cálice


Não há vitória que apague a retórica profundamente autoritária que hoje domina a Selecção Nacional (bem, talvez a vitória na Final apague). Na conferência de imprensa que se seguiu ao (fantástico) Portugal-Holanda, lá voltou a conversa anti-intelectual: «São três ou quatro pessoas, eu sei, mas agora espero que se calem até ao fim da nossa campanha» (Pauleta, A Bola, 26 de Junho). Que se calem.
Num programa televisivo, os sms sucedem-se em rodapé: «Não sou intelectual. Sou pela Selecção! Fábio, Cova da Piedade». No mesmo programa, um jornalista, visivelmente espantado, descrevia a conferência de imprensa da Selecção do Irão como «uma batalha verbal». Se a crítica e o escrutínio a que estão sujeitas as selecções de futebol fossem critérios na classificação dos regimes, Portugal entrava directamente para «o eixo do mal».