Os escolhos da diplomacia económica, pensando nos apagões em Cabo Verde
Os habitantes da cidade da Praia estão irritados com os recorrentes apagões, que sofrem há muitos meses. Queixam-se de que o serviço que pagam não é prestado em condições minimamente aceitáveis.
Acontece que essa queixa atinge a empresa que produz e distribui a electricidade em Cabo Verde, a ELECTRA, que foi privatizada há uns anos e que os seus accionistas maioritários são hoje a EDP e AdP, ou seja, são "os portugueses".
Deve haver muitas e boas razões técnicas e económicas para a situação que a ELECTRA atravessa. Seguramente que não corta a electricidade por falta de vontade de a fornecer.
Mas a minha preocupação tem a ver com a nossa diplomacia económica. Para que se possa apoiar com sucesso as empresas portuguesas é vital que as que se instalam consigam boa reputação nos mercados.
Quando acontece o que se está a passar com a energia eléctrica em Cabo Verde, a diplomacia económica não pode apagar-se e demitir-se do problema. Porque uma diplomacia económica que se limite ao momento do investimento será ingénua ou enganosa. Porque, na Praia, só muito depois de se acabar o apagão se começa a apagar o problema da imagem pública "dos portugueses".