sexta-feira, 7 de julho de 2006

Os escolhos da diplomacia económica, pensando nos apagões em Cabo Verde

Os habitantes da cidade da Praia estão irritados com os recorrentes apagões, que sofrem há muitos meses. Queixam-se de que o serviço que pagam não é prestado em condições minimamente aceitáveis.
Acontece que essa queixa atinge a empresa que produz e distribui a electricidade em Cabo Verde, a ELECTRA, que foi privatizada há uns anos e que os seus accionistas maioritários são hoje a EDP e AdP, ou seja, são "os portugueses".
Deve haver muitas e boas razões técnicas e económicas para a situação que a ELECTRA atravessa. Seguramente que não corta a electricidade por falta de vontade de a fornecer.
Mas a minha preocupação tem a ver com a nossa diplomacia económica. Para que se possa apoiar com sucesso as empresas portuguesas é vital que as que se instalam consigam boa reputação nos mercados.
Quando acontece o que se está a passar com a energia eléctrica em Cabo Verde, a diplomacia económica não pode apagar-se e demitir-se do problema. Porque uma diplomacia económica que se limite ao momento do investimento será ingénua ou enganosa. Porque, na Praia, só muito depois de se acabar o apagão se começa a apagar o problema da imagem pública "dos portugueses".