sábado, 8 de julho de 2006

O Primeiro-Ministro Espanhol e o Papa (revisto)

Benedito XVI está em Espanha. O Primeiro-Ministro vai encontrar-se com o Chefe de Estado do Vaticano mas não vai à Missa do Papa. Se fosse em Portugal também era assim, não era?

A pergunta da versão orginal do post suscitou, entre outros, dois comentários que justificam que volte ao tema.
Hb escreve: "penso que o primeiro-ministro português é católico, portanto é possível que fosse como cidadão".
Paulo Malicia escreve, por sua vez, que "Não vai à missa do Papa porque o sermão é capaz de o incomodar… Quando era candidato às legislativas foi e ficou na primeira fila. Neste caso, a questão não é a missa do Papa, mas a homilia que o Papa vai fazer sobre a família. É pena. Fazia-lhe bem ouvir."

De facto, sempre que um Primeiro-Ministro for católico, a questão não se levanta. É absolutamente natural que um católico assista à missa do seu Papa.
As questões de Paulo Malicia tocam no centro dos pontos sensíveis. Bento XVI vai expressamente a Espanha para falar da família. A sua homilia será naturalmente divergente do espírito e da letra da lei espanhola. Se o Papa tem evidentemente todo o direito de recordar aos católicos a doutrina da sua Igreja sempre que o entender, pelo modo que considerar adequado e onde o desejar, já a diplomacia da Santa Sé marcou esta viagem na plena consciência dos efeitos políticos a ela associados. É corajoso da parte do Primeiro-Ministro espanhol que dê sinal público de que percebeu.
A coincidência ou diferença entre a opinião da Igreja e a legislação de cada Estado não é um bem nem um mal, apenas um dado a ter em conta. Mau seria se um Estado mudasse de política ou se abstivesse de tomar iniciativas por causa dessa diferença.