Televisão 4 horas, 58 minutos e 23 segundos por dia
No primeiro semestre de 2006, segundo a audimetria da Marktest, “entre os residentes no Continente com mais de 64 anos, o tempo médio de audiência de televisão atinge as 4 horas, 58 minutos e 23 segundos, mais 42.8% do que a média do universo.”
Estes dados não deixam margem para dúvidas. Num país marcado pelas migrações intergeracionais, com elevadas taxas de emprego de homens e mulheres em idade activa, poucos serviços – incluindo públicos – às famílias e baixo poder de compra dos idosos, o isolamento social destes encontrou um factor de compensação (ou um factor de reforço?) na televisão.
Já se percebe melhor que sejam eles a maior audiência televisiva até dos programas que manifestamente não os tinham como alvo principal. Também se compreende um pouco melhor para que Portugal os programadores dos canais dirigem o seu foco principal de atenção.
Mas há outra leitura a fazer destes dados e que desafia a política social. Que políticas poderiam favorecer a diminuição da teledependência dos idosos, reforçar a sua vida social dentro e fora de casa, estimular o envelhecimento com forte participação social?
O tempo cheio de televisão talvez seja apenas a compensação do tempo vazio de tantas outras coisas. Dito isto, viva a televisão que alivia os idosos do sofrimento gerado pelo isolamento social e os mantém ligados ao mundo exterior.